segunda-feira, 14 de abril de 2008

Dia 5 - As Pontes Suspensas do Arenal e as Grutas de Venado

Acordámos cedo, nada que já não fosse habitual, para a experiência das Pontes Suspensas, um dos maiores projectos ecológicos da Costa Rica, inserido no exuberante Bosque Chuvoso do Arenal. Este projecto visa preservar intacta a riquíssima diversidade biológica do Bosque.


Nesta caminhada pudemos atravessar 8 pontes fixas e 6 pontes suspensas com longitudes entre os 48 e 98 metros. A experiência de andar em cima de pontes móveis de aço, cujo passadiço é composto pela junção de grelhas metálicas, não deve ser de facto muito agradável para quem sofra de vertigens e outros géneros de fobias. É que olhar para os pés, e sentir que não há chão, e que estamos a tantos metros de altura sobre o bosque, é uma experiência ímpar.

Nesta rota que durou cerca de 4 horas, tivemos oportunidade de ver as famosas rãs Blue Jeans, assim designadas pelo facto de parecerem vestir calças de ganga :D Vimos algumas espécies de aves, que ainda não tinhamos tido oportunidade de vislumbrar. Encontrámos várias vezes as famosas cigarras e descobrimos um ninho numa rocha, com dois ovinhos, bem acessíveis a quem por ali passasse. Ainda pudemos apreciar um beija-flor no seu minúsculo ninho, o qual, com o nascimento das crias, se alarga à necessidade do espaço necessário para acolher a nova família. Este fenómeno acontece porque, de entre os materiais que este pássaro usa para a construção da "casinha", conta-se com o uso de teias de aranha, os melhores elásticos naturais :D

Lagartos, borboletas e libelinhas de várias cores foram dando o ar da sua graça durante o nosso percurso. Pudemos, igualmente, ver várias espécies de plantas muito importantes para o equilíbrio ecológico do bosque.


As pontes por onde passamos



Blue Jeans Frog



Lagarto



Em plena travessia



Cigarra



Ovos de pais incógnitos...



Blue Jeans Frog #2



Colibri


Da parte da tarde, foi a vez de visitarmos as Grutas de Venado. As informações contidas no prospecto da actividade em nada faziam adivinhar o que nos esperava. E passamos a citar a dita cuja: "Especialmente para aqueles que não se importam de se molhar e de se sujar, esta é uma fascinante aventura debaixo do chão...". Estavamos excitados por ingressar no interior da terra e ver as mais lindas formações rochosas. Sabíamos, segundo as informações divulgadas, que teríamos de levar uma segunda muda de roupa. A ideia que tinhamos é que nesta incursão ao subsolo, sítio altamente húmido, dificilmente nos poderíamos escapar das marotas gotas de água, que a qualquer momento, se "lançavam" das estalactites.


Chegados ao local, onde iniciaríamos a nossa aventura, tivemos de trocar os nossos ténis por galochas de borracha, colocar um capacete protector e uma máscara. Fomos advertidos que não deveríamos levar quaisquer objectos para o interior da gruta, ninguém se responsabilizaria por danos causados. Infelizmente, perdemos qualquer oportunidade de registo da maior aventura vivida durante a nossa estadia neste país. Restam-nos as memórias :P Entregámos todos os nossos haveres ao motorista que nos havia transportado até ao local.


Acompanhados pelo guia, pegámos nas nossas lanternas e dirigimo-nos para a entrada da gruta. O guia avisou-nos para termos cuidado quando colocassemos as mãos nas paredes, por causa dos animais venenosos. O risco não era tanto o das picadas ou mordeduras, mas sobretudo o de distraidamente levarmos as mãos à boca. Isso sim, era arriscado. Alertou-nos para a existência de uma grande concentração de morcegos e o uso das máscaras tinha o propósito de nos proteger do cheiro das fezes. Disse-nos que iríamos provavelmente encontrar aranhas-escorpião. Segundo ele, as mesmas são inofensivas, apesar de impressionarem a vista.



Chegámos finalmente à entrada da gruta. Encontrámos logo um grupinho a sair do seu interior, completamente molhado e com as roupas todas sujas de barro. Como espírito de aventura é coisa que não nos falta, entrámos expectantes para o interior.


Uahuuuu, tudo escuro e a única fonte de luz , a das nossas lanternas. E de repente, sentir a água a entrar para o interior das nossas botas. Percebemos rapidamente o porquê da necessidade de levar uma segunda muda de roupa. Quais gotas, lol!!!



Um solo completamente irregular e escorregadio, a tentativa de nos equilibrarmos para não cair e fazer uma entorce. A subida das águas em determinados sítios, bem... e o coração a palpitar bem forte.


A gruta parecia-nos um autêntico labirinto. Sem o guia, acho que nunca teríamos encontrado a saída. O capacete foi um autêntico salva-vidas. Protegeu-nos de sair de lá sem cabeça. O ter de atravessar passagens super estreitas, de lado e a roçar o corpo todo nas paredes ou então de cócoras, com os joelhos a tocar no chão e a coluna completamente encaracolada, sería uma tarefa impossível de se fazer sem este artefacto miraculoso.



Quantas vezes não tapámos as entradas/saídas dos morcegos. Nessas alturas eles vinham contra nós e era a nossa espinha a dar calafrios e se calhar a deles também. Um susto mútuo, lol !


Tivemos de escalar uma parede, muito maior que nós, sem qualquer apoio, porque a passagem tinha obrigatoriamente de fazer-se por aí. Chegámos a uma nova passagem estreita e com água a tapar metade das paredes e uma enorme aranha-escorpião, mesmo à entradinha. Parecia que estava à nossa espera.




A escalada! - à falta de provas fotográficas, o P. fez o registo em desenho :)


De novo baixar, enrolar a coluna e desviar o mais possível o corpinho deste impressionante aracnídeo. E novamente a água a subir o nível. Desta vez pela cintura, nada mau :P




Tivemos que andar com água pelo pescoço... literalmente! E sempre acompanhados pelas "simpáticas" aranhas-escorpião!


Ainda dentro das grutas, pudemos observar a famosa formação rochosa designada por "A Papaia", uma parede de coral e uma zona de sucalcos no chão que nos oferece a ilusão de que se trata de uma cascata.



Saímos de dentro das grutas ofegantes, mas com a sensação que tinhamos passado 1 hora em cheio, 1 hora de pura adrenalina. Simplesmente adorámos :D.




E eu a pensar que a S. ia ficar chateada depois desta aventura extrema ;)



A despejar os litros e litros de água do interior das botas



O P. a espremer as meias... força nisso! :P


1 comentário:

Margarida disse...

Tenho estado a ler esta bela descrição da vossa viagem. Ando com imensa vontade de ir à Costa Rica.
Mas digo-te que a descrição desta visita à sgrutas arrepiou-me tanto... Brrrr! Acho que era incapaz de lá ir! Pouca luz, muita água, aranhas escorpião...??? No way!!! lol